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Sentirmo-nos úteis e responsáveis aumenta nossa saúde física e mental

  • Gustavo Gabaldi
  • 5 de ago. de 2024
  • 3 min de leitura

Atualizado: 24 de set. de 2024


Idoso cuidado de planta

Na nossa vida cotidiana moderna, pela falta de tempo, muitas vezes preferimos que os outros decidam certas coisas para nós, para que possamos dedicar esse tempo, que usaríamos na escolha, para outros fins. Delegamos o poder de escolha e responsabilidade a terceiros, ficando para nós apenas o resultado que esperamos.

Isso vai desde o preparo das nossas refeições, passando pelo cuidado com nossos filhos, até chegar nas pequenas decisões que fazemos diariamente.


Aqui compartilharei um estudo feito sobre como ter responsabilidade e sensação de cuidar pode melhorar, e muito, a qualidade de vida. No caso, é um estudo feito para avaliar essas questões nos idosos. No entanto, apesar de ser um estudo focando a população mais velha, podemos trazer para a realidade de cada um o poder de se responsabilizar mais pelas questões de nossas vidas.


As casas de repouso para idosos têm, necessariamente, uma grade horária bem definida para cada atividade do dia. As decisões sobre os dias e horários para visitação, fisioterapia, consultas médicas, alimentação e outras atividades e afazeres ficam a cargo da administração do local; pouca responsabilidade sobre o dia-a-dia é atribuído aos idosos e idosas residentes no local.



cuidando de plantas

Em um estudo feito pelas psicólogas Judith Rodin e Ellen Langer, publicado em 1977, é apresentado como o aumento nas sensações de escolha e responsabilidade pessoal pode trazer efeitos benéficos à saúde. O estudo pretendeu determinar se o declínio na saúde, lucidez e atividade que geralmente ocorre no envelhecimento poderia ser atrasado ou revertido ao aumentar o nível de escolha em idosos institucionalizados em casas de repouso, conforme foi observado em outros contextos (Rodin; Langer, 1977).


As condições de saúde dos idosos em questão foram avaliadas antes da intervenção propriamente dita. Então, os idosos foram divididos em três grupos: grupo experimental, grupo controle e os que não participariam: -Ao grupo experimental foi promovida uma roda de conversa enfatizando a importância de terem responsabilidades por suas próprias vidas, enquanto que

-Ao grupo controle foi enfatizado o quanto a equipe do local tem responsabilidade pelo bem-estar dos residentes.


Para aumentar o efeito das rodas de conversa, aos dois grupos foram dadas plantas para que fossem cuidadas; as instruções para o grupo experimental era de que eles deveriam decidir como cuidar da planta, onde deixá-la no quarto, o quanto regá-la com água e demais responsabilidades, e, para o grupo controle, a equipe se encarregaria de tudo.


A equipe de enfermagem e os médicos foram instruídos a irem avaliando conceitos de saúde dos idosos nos meses seguintes, sem que soubessem o uso final dos dados, nem quais idosos estariam em um grupo ou outro. Esses conceitos eram: Felicidade, Interesse Ativo, Sociabilidade, Auto Iniciativa e Vigor. Os resultados indicaram que o grupo experimental, que foi incentivado a ter responsabilidade, foi avaliado com uma pontuação consideravelmente maior comparada à do grupo controle.


Idosos do grupo incentivado a terem responsabilidades mostraram um aumento significativo em seus estados de alerta, e melhoraram seu envolvimento em vários tipos de atividades diferentes, como assistir a filmes, atividades de socialização com equipe e colegas, e em participação de competições. Comparado com o grupo controle, e com o grupo que não participou da intervenção, os residentes do grupo experimental mostraram uma condição maior de saúde e padrões de atividades, humor e sociabilidade, e as suas taxas de mortalidade foram menores. (Rodin; Langer, 1977)


Baseado nos resultados obtidos com esse estudo, e pensando em aspectos de nossa correria diária, reflito o quanto nosso bem-estar poderia ser elevado com essa maior consciência em nossas escolhas no dia a dia, e com nossa abertura em nos responsabilizarmos pelos cuidados daqueles ao nosso arredor.


O estudo foi feito nos anos 70 com idosos, mas ainda se faz muito atual e para todas as faixas-etárias. E você, o que pensa disso tudo? Sente que deveria estar mais atento à essas questões, mais produtivo, mais responsável? Se há algo impedindo que você viva isso plenamente, entre em contato comigo.





 

Referência:


RODIN, Judith; LANGER, Ellen J. Long-Term Effects of a Control-Relevant Intervention With the Institutionalized Aged. Journal of Personality and Social Psychology, Massachusetts, v. 35, n. 12, p. 897-902, 16 fev. 1977.



Psicólogo Gustavo Gabaldi
CRP 06/202125

(11) 95317-5362

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