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A busca constante por felicidade e o perigo da positividade tóxica

  • Gustavo Gabaldi
  • 7 de nov.
  • 2 min de leitura
Mulher sorrindo no meio de vários "smiles" extremamente felizes

A busca constante por felicidade e o perigo da positividade tóxica


Vivemos em uma era em que ser feliz parece uma obrigação.

Abra as redes sociais e é fácil encontrar frases como “pense positivo”, “seja grato sempre” ou “sorria, tudo passa”.

A intenção pode até ser boa — afinal, quem não quer se sentir melhor? —, mas por trás desse bombardeio de otimismo existe um risco silencioso: o da positividade tóxica.


A ditadura do “tudo bem”


A positividade tóxica acontece quando a ideia de “pensar positivo” é levada ao extremo, negando emoções legítimas como tristeza, raiva, medo ou frustração.

É como se sentir-se mal fosse um erro — ou pior, um sinal de fraqueza.

Com isso, muitas pessoas passam a esconder o que realmente sentem, tentando manter uma imagem de felicidade constante.


Mas a verdade é que ninguém se sente bem o tempo todo.

A vida tem altos e baixos, e as emoções negativas cumprem um papel essencial: elas nos ajudam a reconhecer limites, refletir sobre nossas escolhas e buscar mudanças.

Ignorá-las é como tentar dirigir um carro cobrindo o painel para não ver quando o combustível está acabando — você até segue em frente, mas logo fica sem energia.


A felicidade como meta (e como armadilha)


Quando transformamos a felicidade em objetivo constante, criamos uma armadilha: a sensação de que nunca é o bastante.

Mesmo em momentos bons, surge a cobrança — “por que não estou mais feliz?”, “será que estou aproveitando o suficiente?”.

Essa busca sem fim gera ansiedade e frustração, pois a felicidade não é um ponto de chegada, e sim um estado que flui entre outros sentimentos.


É aqui que a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) traz uma reflexão importante.

Ela ensina que os pensamentos influenciam nossas emoções e comportamentos, e que tentar reprimir o que sentimos apenas amplia o desconforto.

Em vez disso, a TCC propõe o acolhimento: observar as emoções, entender suas origens e responder a elas de forma mais saudável.


Validar é cuidar


Sentir tristeza, raiva ou medo não significa fraqueza — significa humanidade.

Validar o que sentimos é o primeiro passo para cuidar da mente com gentileza.

Em vez de repetir frases prontas, podemos aprender a dizer a nós mesmos:

“Está tudo bem não estar bem.”

“Posso sentir isso e ainda assim seguir em frente.”


A verdadeira positividade não vem da negação da dor, mas da esperança realista — aquela que reconhece os desafios, sem deixar que eles definam quem somos.

Ser positivo não é ignorar a chuva, mas saber que ela também faz parte do ciclo da vida.


Um novo olhar sobre a felicidade


Felicidade não é um estado permanente de euforia, mas um equilíbrio entre aceitar o que é e cultivar o que pode ser melhorado.

É encontrar sentido mesmo nos dias difíceis, aprender com os erros, se permitir descansar e entender que vulnerabilidade também é força.


Talvez o segredo não esteja em buscar a felicidade o tempo todo, e sim em viver de forma mais autêntica — com espaço para rir, chorar, errar e recomeçar.


Afinal, a vida não pede sorrisos constantes, mas presença verdadeira.

E é nessa presença — honesta, imperfeita, real — que encontramos algo muito mais duradouro do que a felicidade: paz interior.



Psicólogo Gustavo Gabaldi
CRP 06/202125

(11) 95317-5362

@gus.gabaldipsi

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